domingo, 15 de dezembro de 2013

Hyperion 8

Hyperion 8. Olympus E-510. 150mm 1/80, f/5.6, ISO 400. 5-12-2013.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Protesta numa tarde de inverno

As gotas ouveiam a sua turvação contra os vidros
as mãos das arvores estão gastadas.
Nesta tarde de luz cinzenta e amarela
As ninfas nostálgicas
passeiam as suas olhadas tranquilas e sossegadas.
Abrem-se as janelas no novo
Já não chove sai o sol.

As teleoperadoras, graves,
penduram os cascos em sinal de rebeldia
Convertem-se assim em novas bailarinas
Dum velho ballet de passos duros.
As olhadas estão cansas
e as bágoas baixam pela meixelas
Em memória das companheiras
Injustamente afastadas.


E marcham todas para as suas casas.

domingo, 24 de novembro de 2013

Denúncia

Denúncia. Olympus E-510. 42mm, 1/250s, f/10, ISO-100. 29-11-2012.

domingo, 17 de novembro de 2013

Poema numa empresa de trabalho temporário


As sombras passeiam
tristes
pela cidade
e os corações são de plastilina verde

há quem finge chorar
mas ri nos seus adentros
e as jardinhas sulfatadas cantam
uma canção de amor na ribeira

As ondas continuam coa sua luta diária,
quiçá horária
e eu vejo que as gaivotas passam a voar
coma um jumbo do trinque

Tenho uma sensação de perda irrecuperável
Abrem-se os semáforos mais uma vez
O meu suéter tem outra bolinha grave coma

uma queda da tensão eléctrica.

domingo, 13 de outubro de 2013

Ferida aberta



E a luz do sol mostra-se esquiva
Mantêm os fardos sobre as suas cabeças
Por que esta noite hão comer pedras
Que arricam com esforço do chão.
Bica-me mais uma vez
Antes de sangrar pelo nariz
Para que a súplica seja menos oprobriosa e amarga
Porque tens os beiços húmidos.
Emerge da terra uma pedra vermelha
Que prolongará este frio vento de escuridade
E me bicarás com os teus beiços frios
Dessa boca que tens por ferida
E fecharei os olhos enquanto juntamos os nossos corpos
E as nossas mentes desaparecerão entre as ruínas da memória.

Ficará do nosso encontro luxurioso
Uma estirpe de meio-homens dobrados e vencidos
De roupas ligeiras e sem consciência, embrutecidos e voraces,
Sem vontade de seu até o fim dos tempos.
A noite cobrirá os seus membros diminuídos
E as suas vísceras minguarão pela pestilência do veneno
E não choverá nem chegará a primavera.

Bica-me com teus beiços húmidos e frios.

Emerge da terra uma pedra vermelha
Que prolongará este frio vento de escuridade
E me bicarás com os teus beiços frios
Dessa boca que tens por ferida
E fecharei os olhos enquanto juntamos os nossos corpos
E as nossas mentes desaparecerão entre as ruínas da memória.
Ficará do nosso encontro luxurioso
Uma estirpe de meio-homens dobrados e vencidos
De roupas ligeiras e sem consciência, embrutecidos e voraces,
Sem vontade de seu até o fim dos tempos.
A noite cobrirá os seus membros diminuídos
E as suas vísceras minguarão pela pestilência do veneno
E não choverá nem chegará a primavera.

Bica-me com teus beiços húmidos e frios.

Ficará do nosso encontro luxurioso
Uma estirpe de meio-homens dobrados e vencidos
De roupas ligeiras e sem consciência, embrutecidos e voraces,
Sem vontade de seu até o fim dos tempos.
A noite cobrirá os seus membros diminuídos
E as suas vísceras minguarão pela pestilência do veneno
E não choverá nem chegará a primavera.
Bica-me com teus beiços húmidos e frios.

Bica-me com teus beiços húmidos e frios.


 O pó agarima os olhos com o seu sadismo natural
  
Mineiros do carbão. Gales. Aprox. 1900.






quinta-feira, 18 de julho de 2013

A Antíoco Epifanes

A Antíoco Epifanes


O mozo antioquense     díxolle ao rei:
"No meu corazón latexa     un fermoso desexo,
os Macedonios,     Antíoco Epifanes,
os Macedonios están      inmersos en gran batalla.
Se gañan,      a calquera darei
o león e os cabalos,    o Pan de coral
e o elegante palacio,     os xardíns de Tiro
e todo cando me deches,     Antíoco Epifanes".
Quizais se conmoveu     un tanto o rei.
Pero cedo lembrou     o pai e o irma´na
e non respondeu.     Algún espía podería
oís algo. Ademais, nautralmente,
pronto tivo lugar     en Pidn o tráxico final.

Konstantinos Kavafis


Tradución de Iolanda Vilarchao

segunda-feira, 1 de julho de 2013

República Galega


Poema á I República Galega


          Tenho uma vida um pouco atrapalhada e dispersa
          Mas, ainda que passaram os anos,
          Lembro o dia em que te conheci,
          A minha roupa segue a cheirar ao teu perfume
                                                                           - Ou isso penso
          Vieste da mão dos operários do caminho-de-ferro
          Vestida de branco
          E estiveste comigo escassamente umas horas
          E gozei da profundidade das tuas entranhas
          E da suavidade do teu corpo
          Antes de marchares num sol-pôr laranja.

          Deveci por ti durante anos
          E hoje volves comigo, Amada
          E hoje volves connosco, República.


Este poema, junto com outros, foi lido na Repichoca Literária na Festa da República Galega. Fiquei abraiado pela qualidade de Lydia Botana e da sua banda. O trabalho das associações organizadoras (A. C. Foucelhas de Ordes, A. C. Lucerna de Cerzeda e A. C. A Revoltaina Cultural da Beira de Bergantinhos) foi impressionante. O lugar, a antiga estação dos caminhos-de-ferro de Ordes, n’A Pontagra, à beira do rio Lengüelhe, perfecto.   


Proclamação da I República da Galiza, Ourense, 1931.




segunda-feira, 3 de junho de 2013

Paixão Salgada

Paxão Salgada - Preme para ampliar

Paixão salgada é o título do trabalho que presentei ao Concurso de foto-haikus A minha lingua quero na tua boca que organizou a Gentalha do Pichel. Ao ser simplesmente participante, público co meu nome este trabalho, que case me custa a minha equipa fotográfica, a piques de ser afogada num golpe de mar. É a primeira vez que participo num concurso, apesar de levar e trair a câmara durante anos. Diverti-me muito. Parabéns ao trabalho ganhador (OCNQOV). 

sábado, 25 de maio de 2013

Meis é poesía

Meis é poesía é o título dunha escolma de poesía escrita en diferentes alturas históricas, por persoas que teñen pouco a ver entre si e que as une o cariño que senten por Meis. No meu caso, "coeime" nesta antoloxía por acaso, e o meu agarimo non é previo á miña achega, senón simultáneo. Eis o meu traballo:



     B-boyin’ en Outeiro de Cribo

Sumido no máis profundo do bosque
Pola memoria ou polo maxín esquivo
Mentres a névoa apuñala a noite fría e dura
E os latexos baten polo medo no peito
E a túa curta idade mingua aínda máis.

Os cerqueiros e os piñeiros envexan
Os teus pasos extraviados e famentos
Os fentos, valorosos, ocúltante das bestas
E as túas bágoas, dos camiños perdidos
No duro frío da noite como pedras.

Bailan sobre as rochas iluminadas pola súa propia figura
Os peplos de esmeralda xogan coa névoa cincenta
As cintas douradas, cos cabelos rubios.
Ollas incrédulo a coreografía imposíbel.
E non hai palabras.

A Aurora ameza este simposio
As dedas do sol penetran con forzo brutal entre a follaxe
Veloces como galgos, voraces como formigas.
O encantamento esvaece no aire
Cun sorriso en cadanseu rostro.

Ficarán, pois, ate o ocaso desta era escura,
Gravada na pedra, as pegadas das mulleres.
Ficarán ate o retorno dos vellos deuses, esquecidos.
E ti recolles do chan unhas tesoiras, enferruxadas,
Que che sinalan o camiño á casa.






Petróglifo de Outeiro da Cribo,
Armenteira. Galipedia.



terça-feira, 21 de maio de 2013

Vídeo - "Cidade"



Há tempo que venho experimentando com a fotografia como forma de expressão. No entanto, quitada uma pequena colaboração com o coletivo  Trisquel Art  e algum exercício publicado aqui, não dei o passo de publicar nada. Com motivo do ato organizado pelo BNG de Meis para comemorar o Dias das Letras Galegas, preparei, por impulso de Rosanegra, um vídeo para mostrar uma pequena parte das capturas noturnas de Vigo. As fotos som minhas, sua a produção. 


Licenza de Creative Commons
Cidade by Fumador Impostado está baixo unha licenza Creative Commons Recoñecemento-NonComercial-SenObraDerivada 3.0 Unported.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Artigo Censurado de Fran P. Lorenzo

Como nenos píos con disfrace de mártir

«Despois de séculos de dominación, a Igrexa Católica aínda non se decatou de que o sincretismo relixioso que practica a galega xente non é un estrago calculado da súa doutrina apostólica e romana senón unha creación propia e singular deste pobo, unha máis. Santiago de Compostela é, nese sentido, un fecundo resultado da batalla histórica entre a ortodoxia vaticana e o paganismo local. Tamén o Camiño. Por iso todas as tentativas de reducir a espiritualidade dese roteiro á expresión unívoca dunha suprema fe en Deus son unha manobra avesa, calculada, para capitalizar un símbolo cultural e humano de Europa, patrimonio de todos así recoñecido. Neste sentido a visita do papa Bieito XVI a Compostela deixa fóra desta celebración aos milleiros de cidadáns que non profesan a relixión católica nin lle teñen lei a un dos patriarcas eclesiásticos que máis ten feito por estigmatizar e arredar do seo da Igrexa aos que non asumen a súa fundamentalista visión da fe e as súas teses retrógradas e lesivas, alérxicas ao tempo no que vivimos.
O desembarco papal non iría máis alá da descortesía política coas minorías que non o aturan a súa presenza se non fora porque esas minorías –máis ou menos masivas, pero sempre despreciadas por Núñez Feijóo– contribúen cos seus cartiños a sufragaren a inminente diatriba papal, disfrazada de mensaxe de amor.
O pasado domingo, nos diferentes oficios celebrados nas parroquias galegas, os cregos xa lle esixiron á freguesía o correspondente imposto revolucionario. A golpe de cepillo, como adoitan facer. Poida que a vontade das ovellas fora substraída polos seus pastores pero ese, sinceramente, non é problema dos que non pertencemos á secta; menos aínda daqueles que nin sequera aspiramos a mudar o eivado rumbo moral da institución. Se os practicantes queren poñer dez euros ou vinte do seu peto para avalaren a operación de márqueting da Xunta de Galicia e coroar un Xacobeo só grande en cifra de turistas, pois adiante. Pero non é admisíbel que ese saqueo millonario das arcas públicas se produza sin consulta previa, amparándose no suposto beneficio que lle reportará á cidade de Santiago a invasión das hordas católicas .
Haberá máis efectos colaterais no decorrer desta visita fetichista e pirotécnica do Papa. A suspensión do espazo civil, a clausura da libre circulación e o desenvolvemento dun estado de sitio efectivo, entre eles. Controis policiais, restrición do tráfico e rexistros domiciliares, incluídos, que afectarán singularmente a todas e todos aqueles cuxa vontade e albedrío van ser vulnerados en aras dun rédito político que, con iso contan os organizadores do sarao, beneficiará a todos os persoeiros que teñan acceso á fotografía oficial.
O alleamento da Igrexa Católica é un feito e velaquí temos un Goberno que subvenciona as proclamas delirantes e as bombas de racimo dialécticas da Conferencia Episcopal Española. Os bispos, os que concelebrarán a eucaristía express do Obradoiro, pedíanlle onte os cativos que na noite de Halloween –o Samaín céltico, a véspera de Todos os Santos– vistan precisamente de idem, de santos, e non de meigas, nin de zombies, nin de caveiras, para “estimular” a vida cristiá e loitar contra o profano desta celebración tan pouco pedagóxica. Propoño outros estilismos ben máis edificantes e píos: unha Santa Águeda cos peitos cortados encima dunha bandexa, unha virxe romana violada, un San Lourenzo con queimaduras de terceiro grao, ou un San Sebastián, cuberto de plasma e de saetas. Se é certo que o sangue dos mártires é semente da vida cristiá, non sei a que agardan eses pequenos para se sumaren á festa.»

Fran P. Lorenzo